domingo, 4 de março de 2012

Clube Literário do Porto



A notícia de que o Clube Literário do Porto (CLP) vai encerrar deixou aqueles que, desde 2005, o foram frequentando boquiabertos. Pelo aspecto inesperado da infeliz novidade, pela rapidez nas acções (está previsto o encerramento já para o final de Março) e, sobretudo, por ser mais uma morte para a cultura da cidade. O CLP é um espaço calmo, sem peneiras, de tertúlia e de conversa. No CLP assisti a lançamentos de livros de amigos, a concertos e a noites de poesia. Quis o destino que, por ironia, a minha (provável) última entrada no CLP fosse num momento de alegria e satisfação pessoal para mais um amigo: a inauguração da exposição do fotógrafo Luís Ferreira, "a surpresa dos pequenos instantes"*.




Antes de entrar no CLP, foi com as árvores despidas e com o céu escuro de um Porto que, nos últimos dias, tem andado chuvoso que tive de me debater. Lá dentro, os caixotes e livros empacotados provaram que a saída estava para breve e que os tempos não eram de felicidade. O burburinho no piso abaixo contrariava, contudo, esta ideia. O colorido da foto de Singapura ainda mais. Mas nem só de fotos de Singapura vivia a exposição. Luís Ferreira diz-se viajante há 37 anos, portanto, estavam patentes fotos do Cambodja, do Chile, da Nova Zelândia, de Hong Kong,... Pedindo licença a Pessoa, as fotos foram agrupadas pelos seguintes motes: "pessoas incomparáveis", "momentos inesquecíveis", "coisas inexplicáveis". No fundo, tudo o que poderia servir também de mote ao CLP. Uma pena.

* Pode ser vista no CLP até 15 de Março.

3 comentários:

Paula C. disse...

pena mesmo, que espaços como estes fechem...

grouchomarx disse...

posso estar a ser injusto mas parece-me um espaco um pouco "desfocado" e pouco aberto a qq pessoa que passasse 'a porta...

grouchomarx

Caetana disse...

Paula C.,

É realmente uma notícia infeliz...

Grouchomarx,

Bom, compreendo o que queres dizer. Talvez por o espaço de café/bar ficar no primeiro andar não era evidente que se tratasse de um espaço aberto ao público e que convidasse quem não conhecesse a entrar.
Acho, aliás, que a primeira vez que lá fui tinha sido convidada por amigos. Mas, depois, percebi que era sempre bem acolhida e continuei a passar por lá... tenho muita pena. É um espaço dinâmico, sempre cheio de eventos e com público... talvez não tenha sabido retirar partido financeiro disso. Ainda no sábado, em conversa, dizíamos que a cultura tem que ser paga... talvez tenha sido isso que faltou, não sei.