segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

"Não podendo falar para toda a terra / direi um segredo a um só ouvido"*



Entrar na Poetria é provavelmente perder-se nos 12 metros quadrados mais encantados do Porto. Num cantinho discreto das Galerias Lumière, assenta a paixão avassaladora pelo teatro e pela poesia. Ali mesmo às portas do Teatro Carlos Alberto, são sobretudo os da área (encenadores, estudantes de teatro,...) que visitam a Poetria e que a sabem de cor. Mas a Poetria está lá para toda a gente, com um brilho nos olhos de quem por ela dá a cara e a insuflar sonhos aos que por lá passam.


Entrei e cuidadosamente meti conversa, remetendo para os cabazes (compostos por moleskines, sabonetes, marcadores de livros, poemas,...) que a Poetria vai lançar todos os meses de 2012. Rapidamente percebi que na calha estão mais projectos. Como aquele de mandar entregar livros de poesia a casa das gentes, como se de bouquets de flores se tratassem. O cartão a acompanhar, esse irá em modo de diseur, humano, a trautear palavras bonitas.


Para descrever a Poetria, no entanto, não são precisas palavras bonitas, nem escolhidas com  muito lustre ou ostentação. Basta-lhe a sua simplicidade, a simplicidade só possível aos que amam aquilo de que falam. 10 minutos passados lá dentro e percebe-se o segredo de tudo o que lá mora: amor. Um segredo que não deve ser dito apenas a um ouvido. A Poetria merece ser partilhada com toda a terra.

*Luiza Neto Jorge

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um Porto de ironia e boa disposição


Há qualquer aura contestatária a pairar sobre o Largo de Mompilher (o mesmo da Champanheria da Baixa, sim!): há semanas, foi a caricata placa toponímica em nome do Largo Eng. José Sócrates, "mentiroso, corrupto e incompetente"; recentemente, e após obras de remodelação, surgem, no chão, assim como quem não quer passar dissimulado, 3 mensagens a indicar "aqui morreu uma árvore". Um pouco de Porto irónico e acutilante, não deixando de ser igualmente bem disposto. No chão também o retrato das suas gentes.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O que fazia falta por cá



Dizer que a Baixa do Porto goza hoje de um dinamismo invejável já deixou de ser moda, Também não é lugar comum. É um facto. Os espaços e projectos novos são cada vez mais elaborados, cada vez mais entusiasmantes e entusiasmados. Ao cimo da Rua da Picaria encontramos prova disso: a Champanheria da Baixa. De portas semi-abertas e ainda em clara arrumação de casa, o espaço já promete muitos e bons momentos. Atraída pela decoração, pela beleza das garrafas expostas e munida de uma lata que não me reconhecia, enfiei a cabeça lá dentro e perguntei, um pouco comprometida, quando abriam ao público. Em tom afável, a resposta não tardou: "Quarta-feira. Querem entrar e conhecer?" Não havia como dizer que não.

O Porto é feito destas coisas. De acasos, de curiosidades, da simpatia e generosidade de um designer que deixou entrar duas estranhas, colegas de trabalho, que acharam simplesmente que o local estava giríssimo. Que lhes explicou calmamente que não queria que fosse mais um bar para vender vodka, nem um espaço à imagem da desordem das champanherias de Barcelona ou da presunção de Madrid. A acompanhar as flutes de espumante e os cocktails de champanhe, haverá, no entanto, tapas e outros petiscos. O Porto vai ficar mais rico com a Champanheria da Baixa. E eu que não levava máquina fotográfica...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O que há de muito bom no Maus

 


 
No número 178 da Rua Passos Manuel, juntinho ao Coliseu, esconde-se o Maus Hábitos. O nome pode até, à primeira vista, não auspiciar nada de bom, mas o Maus Hábitos é já há muito uma referência para o Porto. Uma discreta placa à entrada contrasta com o colorido dos graffiti que nos acompanham, andar a andar, até ao 4º piso. Lá dentro, uma série de salas, cobertas e descobertas, abrigam não só um café-bar, como inúmeras actividades de cariz artístico.






Mas nem só de noite e de arte vive o Maus Hábitos. Ao Domingo, por exemplo, entre as 11h e as 16, há o Brunch dos Bons. O menu é delicioso, as compotas e os docinhos são caseiros, os funcionários são de um à vontade e simpatia singulares e, como se isto não bastasse, o espaço é giro, calmo e bem frequentado. Só coisas muito boas no Maus.